O Rap e a Moda de Tássia Reis e Emicida

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por rapvibe192,

A MODA E O RAP EXALAM BELEZA

O Hip Hop quanto movimento é geralmente muito bem expressado na música e na dança, mas existe um terceiro pilar muito importante que se faz presente tanto em MCs quanto em DJs, grafiteiros, dançarino e público: A Moda

No Brasil o cenário do rap tem ocupado cada vez mais o mundo da moda, Tássia Reis e Emicida são dois grandes exemplos de como essa união fortalece a expressão de um artista e do quão importante é a presença do rap nas passarelas.

 

TÁSSIA REIS: XIU

A cantora e compositora Tássia Reis é bem conhecida na música brasileira e principalmente no rap, nascida em Jacareí no interior de SP, começou a se envolver no Hip Hop através da dança, suas poesias começaram a virar letras de música e logo ela se viu lançando seu primeiro EP em 2014. Em 2019 lançou o álbum ‘Próspera’ com uma mensagem bem importante, e foi com sua voz forte, levantando muitas vezes questões que fazem exalar a beleza da mulher negra e fazendo um trabalho sempre cheio de identidade que a Tássia Reis foi construindo uma carreira linda.

Tássia é formada em ‘Tecnologia e Design da Moda’, mas foi só em 2017 que pudemos ver ela á frente da produção de peças com identidade sua, foi lançada a música ‘XIU’ e junto a grife de mesmo nome.

 

Tássia Reis em entrevista para a Glamour

Construí uma identidade visual forte e minha sonoridade muito dentro do que acredito: a liberdade de buscar quem eu sou, de entender minha identidade e minha ancestralidade. Isso é moda né?

 

Voltada ao streetwear, a ‘XIU’ é uma marca tão forte quanto à própria Tássia Reis, reflete diretamente tudo o que é dito nas suas letras e talvez por isso essa conexão entre a rua, o rap e a moda envolta da cantora paulistana deu tão certo. A grife produz peças da cabeça aos pés e todas com uma conexão extremamente forte com a Tássia Reis e sua música, fala-se muito da necessidade de se expressar, de levantar a voz, de criar um espaço confortável para as pessoas dialogarem… O próprio nome na grife diz muita coisa e esse cuidado é tão grande que no site da marca existe uma aba chamada ‘MANIFESTO’, no texto escrito lá, é possível ler a alma dessa grife e entender sua importância:

 

‘Xiu!

Há tempos clamamos para sermos ouvid@s. Pedimos educadamente, fomos gentis, falamos baixinho, mas ninguém nos ouviu.

Então nós aumentamos o volume! Agora é nossa vez, nossa voz ! O nosso XIU!

É potente e necessário. Temos muito a dizer, e de várias formas, seja através da música, do nosso estilo, do nosso posicionamento.

Não é uma disputa, e sim uma possibilidade de existência.

O respeito à diferença pode nos unir e nos fortalecer.  Não toleramos mais o seu xiu, criamos o nosso!’

 

EMICIDA E FIÓTI: LAB

O Emicida tem história no rap assim como a Tássia Reis, começou entrando nas batalhas de rima e logo se viu lançando suas músicas, desde 2009 já trazia em mente a idéia de criar uma marca onde ele conseguisse expressar tanto quanto na música. Junto com seu irmão Evandro Fióti eles criaram a grife ‘LAB’ que foi lançada em 2016 na São Paulo Fashion Week.

 

Disse Fióti para a GNT na SPFW

A gente vai mostrar o Brasil do qual a gente faz parte e mostrar a beleza do nosso povo como ela é nua e crua, a gente não precisa de mais nada pra ser bonito… Só felicidade.

 

Assim como a grife ‘XIU’ da Tássia Reis, a ‘LAB’ do Fióti e Emicida também produz muitas peças streetwear, essa ligação com o rap e a rua é muito marcante nesse trabalho, pois reflete diretamente a vida das dessas que estão á frente dessas iniciativas, Emicida sempre foi muito ligado a rua desde antes das batalhas, conhece tanto quanto a Tássia as questões que surgem da periferia e assim conseguem produzir uma vestimenta que não é qualquer coisa, as roupas são mais que roupas, são histórias contadas, dão força pra quem veste, tem uma vivência gigante por trás de cada peça e assim conseguem se conectar diretamente com o público do rap, e com o mundo afora.

 

A IMPORTÂNCIA DA UNIÃO RAP E MODA:

Artistas como Kayne West, Rihanna, Tyler The Creator e outros envolvidos no rap gringo, ditam a moda norte-americana faz tempo, essa predisposição em criar suas próprias peças sempre foi marcante no rap, visto que é um gênero que sai da favela e sem apoio de grandes marcas, fazer sua própria roupa ou montar seu próprio look com pouca grana é quase uma regra. A ‘LAB’ já está na 13° coleção, a ‘XIU’ está a todo vapor chamando atenção de marcas gigantes como a Vogue e de muita gente da periferia… Todo esse esforço de pessoas como a Tássia Reis, Emicida e Fióti vem muito do que representa a importância de pessoas da periferia consumirem seus próprios produtos.

 

 

Quando a gente se depara com a periferia sofrendo todo tipo de descaso é triste, olhar pra cultura e não vê incentivo é ruim, olhar pras pessoas e suas vozes serem sufocadas parece tradição, e ai quando as pessoas começam a consumir uma música que desperta uma auto-afirmação, que te dá representatividade, que te dá voz, que levanta a auto-estima, que fala sobre a sua vivência… essa pessoa se torna mais forte, talvez seja aqui que a moda entra de maneira muito marcante, é através das peças vestidas que as pessoas conseguem se manter forte, é criando grifes com toda essa vivência que a periferia consegue se expressar, são grifes criadas por pessoas que podem ser vizinhos seus e não por uma marca internacional da cultura européia. É assim que a periferia consegue ter cada vez mais voz, seja gritando, cantando uma música, grafitando um muro, riscando um disco, produzindo um filme próprio ou simplesmente… Vestindo algo que valorize sua história.


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