A empresa global classifica o funk brasileiro como o “novo pop” e aposta suas fichas em dois dos maiores nomes do gênero no país.
Os MC’s paulistas Hariel e Don Juan acabam de ser anunciados como os novos contratados da Warner Music Brasil. Os dois, apesar da pouca idade, se destacam no cenário do funk e contam com uma audiência absurda no YouTube e nas plataformas digitais.
A Warner vê com bons olhos esse mercado há tempos e acreditou desde o início nas cantoras Anitta e Ludmilla que são hoje os principais nomes da cena.
Haridade e Don Juan começaram as carreiras de sucesso em parceria com a GR6 – uma das maiores produtoras de funk do país, escritório responsável até hoje pelo agenciamento dos dois artistas, inclusive estendendo seus vínculos recentemente.
Funk paulista em alta:
Don Juan e Hariel são ícones do funk de São Paulo, um estado que tem exportado verdadeiros talentos do pancadão. E é bom deixar claro que, embora a raiz seja a mesma, há diferenças grandes entre uma escola e outra. O Rio de Janeiro, matriz do funk, hoje é adepto de um estilo frenético, o das 150bpms. Em São Paulo, o gênero se funde a outras escolas musicais, como o forró e até o sertanejo.
No quesito letras, os cariocas por muito tempo apostaram no duplo sentido e no proibidão, uma vertente cujas letras faziam referências explícitas a suas vivências. São Paulo explodiu o funk ostentação, com um discurso materialista, mas também nunca deixou o sexo e o duplo sentido de lado. Um tipo de verso que hoje se faz presente no trap e que foi adotado por muitos dos funkeiros paulistas.
Hariel:
A diversidade musical há tempos faz parte do cotidiano de Hariel Denaro, um jovem de 23 anos nascido na Vila Aurora, zona norte de São Paulo. A começar pelas raízes sonoras: seu pai foi integrante do Raíces de América, um grupo especializado na pesquisa de clássicos da canção sul-americana – em especial as de resistência contra a ditadura.
Hariel passou primeiro pela escola do funk mais ousado, depois para a ostentação e hoje caminha para um estilo consciente, que muitas vezes aborda problemas sociais. É o caso de Ilusão, parceria com DJ Alok e os MC’s Salvador da Rima, Davi e Ryan SP. Ela tem como tema a dependência química (mal que matou o pai do MC) e por três dias foi a mais executada na plataforma de streaming Spotify. Atualmente, conta como 67 milhões e 500 mil execuções no Spotify e 187 milhões de exibições no YouTube.
Hariel também tem destaque no cenário do hip hop com colaborações que vão de Trilha Sonora do Gueto a um feat póstumo com o lendário Sabotage, além de participações em singles recentes de nomes da nova escola como Kawe e Kayblack por exemplo. E o álbum de 2020 ‘Chora Agora, Ri Depois‘ que dialoga de perto com o rap.
Don Juan:
MC Don Juan, nascido Matheus Wallace Mendonça da Cruz, é o nobre representante do pancadão made in São Paulo. O versejador de 20 anos tem sete de carreira e há cinco estourou seu primeiro sucesso, “Oh Novinha”, que chegou à trilha da novela A Força do Querer, da Rede Globo. Don Juan, a exemplo, de Hariel, alterna letras de duplo sentido com outras mais suaves – ultimamente ele conquistou o público infantil viralizando no Tik Tok.
Sabiamente, ele avança o funk para outras musicais. A dupla sertaneja Maiara & Maraísa, o rapper Djonga e o DJ Dennis estão entre seus últimos parceiros. Don Juan, se nos perdoem o trocadilho, é um sedutor nato: atualmente tem 8 milhões e 555 mil inscritos em sua plataforma no Spotify e seu canal no YouTube conta com 878 mil inscritos.
No showbiz brasileiro atual, MCs carregam o status dos roqueiros das décadas de 80 e 90: representam não apenas um modelo de comportamento, mas também influenciam na moda e vocabulário. Além disso, a falta de preconceito na hora de se unirem a outros gêneros musicais faz com que eles sejam aceitos pelos mais diferentes tipos de público e, não raro, ultrapassa estilos que até então eram tidos como hegemônicos. Em maio passado, por exemplo, o funk bateu o sertanejo no ranking de artistas mais consumidos do YouTube.
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